Bananal e sua História


Texto: Ricardo Nogueira

ORIGEM E FUNDAÇÃO


Bananal foi erigida em uma região ocupada pela etnia indígena dos Puris. O aldeamento existiu entre a Serra da Mantiqueira e florestas do Sertão do Bocaina, se estendendo até a região onde se encontra a cidade. O rio que cortava a localidade foi batizado por eles com o nome Banani, que significa “rio sinuoso”. O nome da cidade teria surgido daí. Primeiro com a corruptela “Bananá” e, por fim, Bananal.

Entre fins do século XVII e o início do século XVIII a região do Vale do Paraíba se tornou uma das principais rotas e ponto de passagem do ouro das Minas Gerais, de Goiás e do Mato Grosso, além do gado advindo do Rio Grande do Sul, recebendo o fluxo de tropeiros e viajantes.

O trajeto percorria o caminho que hoje fica entre Barra Mansa, Areias, Resende, Angra dos Reis e Bananal, servindo de pouso para aqueles que se dirigiam ao Rio de Janeiro.

Entre o rio Bananal e a Serra da Carioca passava também a Estrada Geral, bastante utilizada por sua abundância de anil, muito valorizado e utilizado na época como corante. Foi a primeira atividade econômica mais expressiva no local por um período aproximado de 20 anos, desaparecendo no início do século XIX.

Em 1770 foi aberto o “Caminho Novo”, estrada construída entre as capitanias de São Paulo e Rio de Janeiro. O caminho por terra foi concebido como via alternativa às viagens marítimas, que sofriam frequentes ataques de piratas e saqueadores.

Em 1783, o governo colonial traçou o objetivo de povoar o Caminho Novo e o Capitão-Mór Manoel da Silva Reis recebeu a missão de distribuir, a pessoas de sua confiança, 13 sesmarias criadas na região. A 9ª sesmaria, no rio Bananal, foi destinada a João Barbosa de Camargo. Ele e sua esposa ergueram uma pequena capela dedicada ao Senhor Bom Jesus do Livramento num local considerado o marco inicial da localidade.

A fundação de Bananal foi formalizada em escritura datada de 10 de fevereiro de 1785.


O CULTIVO DO CAFÉ E A EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Após a abertura do Caminho Novo e com o esgotamento do ouro, a região foi ficando mais povoada e passou a viver da agricultura de subsistência, com produtos como cana-de-açúcar, feijão e milho.

A situação passou a mudar no início do século XIX, quando a cultura do café, baseada nas grandes propriedades de terra e no emprego da mão-de-obra escrava chegou à região. As terras férteis e o clima propício para o cultivo do “ouro verde” trouxeram pujança e mudaram a configuração política e administrativa. O Vale do Paraíba, que ficava a cargo de São Paulo, passou a ser desmenbrado em vilas. Primeiro, houve o desmembramento da Vila de Taubaté (1645), depois a Vila de Guaratinguetá (1651) e Lorena (1788). Bananal pertenceu a todas elas. Em 26 de janeiro de 1811, Bananal foi elevada à condição de paróquia. Após novo desmembramento, Bananal foi anexada à Vila de São Miguel das Areias em 1816.

Após 16 anos ansiando também por sua independência administrativa, Bananal foi elevada à condição de Vila em 10 de julho de 1832 através de Decreto Imperial. A Câmara Municipal foi instalada em 17 de março de 1833. Nos anos seguintes, sua relevância política cresceu, alicerçada no ritmo de sua economia cafeeira.

Em 1836, Bananal era o segundo maior produtor de café da província de São Paulo. Em consequência da Revolução de 1842, Bananal chegou a ser anexado ao Rio de Janeiro por meio do Decreto n° 180 no mês de junho. Mas dois meses depois, em agosto, por outro Decreto, de nº 215, voltou a pertencer a São Paulo.

Progresso, população e riquezas continuaram crescendo e disso resultou a Lei n° 17, de 03 de abril de 1849, que elevou Bananal à condição de Cidade, resultando em grande festa das lideranças políticas locais. Em 30 de março de 1858 foi criada a Comarca de Bananal, anexando os termos de Areias, Queluz e Silveiras até 1866.


O PERÍODO ÁUREO DOS BARÕES DO CAFÉ


O desenvolvimento urbano de Bananal sempre esteve atrelado ao crescimento da cultura cafeeira. o povoado de uma única rua passou a ter três pouco antes de sua emancipação e foi crescendo ainda mais ao alcançar riqueza e prosperidade em seu tempos áureos do café.

Ultrapassou a arrecadação da capital e, devido à grande soma de impostos dali provenientes, chegou a alicerçar a economia de São Paulo e do Brasil.

Em 1854 a produção de Bananal era maior que de outras regiões paulistas. o café era comercializado com a Europa e com os Estados Unidos. No segundo reinado, Bananal era o centro da economia nacional e a terceira receita municipal do Estado.

No entorno da Igreja Matriz, casarões foram erguidos com os brasões de seus proprietários. Tanto suas residências urbanas como as rurais ostentavam azulejos portugueses, cristais belgas, artefatos e móveis importados. As sedes das fazendas transformaram-se em palacetes.

Os Barões do Café, elite do Império, depositavam dinheiro em bancos estrangeiros e financiaram obras como a construção do ramal bananalense da Estrada de Ferro, que passava pelas fazendas mais ricas e ia até Barra Mansa-RJ escoar a produção.

Uma estação metálica pré-moldada em chapas duplas almofadadas e assoalhos de autêntico pinho de Riga foi importada da Bélgica e inaugurada em 1º de janeiro de 1889. Serve até hoje como símbolo daquele período áureo, quando a cidade chegou a cunhar sua própria moeda. Composta sob a influência dos Barões do Café, o prestígio da Câmara Municipal chegou a endossar um empréstimo do Governo Imperial junto aos banqueiros londrinos, por exigência destes. Um de seus fazendeiros chegou a concentrar quase 1% de todo o papel moeda emitido no Brasil.

Com a queda do café, as lavouras foram substituídas por algodão e principalmente, a criação de gado leiteiro.