Exposição “Natureza… morta?” provocou reflexão sobre o meio ambiente no Casarão Lilás da Cultura

Mostra de arte ambiental transforma matéria orgânica da Mata Atlântica em reflexão sobre a preservação da natureza e envolve alunos da rede pública em oficinas educativas

Por Ricardo Nogueira 

Ao longo de todo o mês de abril, o Casarão Lilás da Cultura, localizado no coração do Centro Histórico de Bananal, sediou a impactante exposição “Natureza… morta?”, do artista Maurício Leite. A mostra uniu arte, reflexão e educação ambiental, trazendo ao público uma experiência sensorial e simbólica sobre a relação entre natureza e humanidade.

Inspirado na dinâmica da Mata Atlântica, o trabalho de Leite - designer carioca formado pela Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro -, transforma matéria orgânica – folhas, galhos e outros detritos naturais – em obras de arte inusitadas, intuitivas e profundamente expressivas. Em vez de seguir seu curso habitual de decomposição no solo, parte dessa matéria foi retirada momentaneamente do ciclo natural para se converter em esculturas e instalações que instigam o olhar e convidam à reflexão.

A exposição do artista, radicado em Bananal há cerca de 15 anos, propõe uma provocação: a natureza está morta ou estamos matando-a com nossas ações e omissões? As peças expostas não apenas celebram a beleza das formas naturais, mas também denunciam o sofrimento do meio ambiente e a urgência da preservação dos ecossistemas, sobretudo da Mata Atlântica – um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta.

Um destaque especial foi a iniciativa da professora de Arte, Vera Cristina Pereira, que mobilizou cerca de 150 alunos da rede pública municipal (Escolas Prof. José Luiz Ferreira Guimarães e Profª Zenóbia de Paula Ferreira)  para visitarem a exposição, conduzindo atividades criativas com os jovens visitantes. A proposta abriu espaço para que os alunos expressassem suas próprias visões sobre a natureza e sobre o impacto da exposição em suas vidas. Sensível ao potencial educativo do projeto, a professora sugeriu ao artista a realização de oficinas com os estudantes — ideia que está sendo considerada por Maurício Leite.


A proprietária da RPPN Chácara Santa Ignêz, Maria Lúcia Maciel (Minuca), de onde foi retirada a matéria-prima transformada em arte, também teve papel fundamental na realização da exposição. Ela recebeu a reportagem da Gazeta, compartilhando o significado profundo do trabalho e os reflexos visíveis da interação dos alunos com a obra. Para ela, o projeto cumpre o papel de aproximar os jovens da floresta e despertar uma nova consciência ambiental por meio da arte. “É muito gratificante ver a resposta das crianças diante das peças e perceber como a natureza pode tocar, transformar e inspirar”, ressaltou. Minuca também destacou que a exposição contou com o incentivo e apoio de dezenas de pessoas e entidades como o Ibios (Instituto Biosfera), Fundação Florestal, RPPN Fruta do Lobo e outros. 

Segundo a analista de recursos ambientais Ana Xavier, da Fundação Florestal do Estado de São Paulo, esse movimento educativo tem grande valor:

“A arte transforma as pessoas, oferece reflexões e mostra o belo. A exposição revela o olhar sensível de Maurício ao utilizar matéria-prima vinda da floresta, e o contato dos jovens com essa proposta amplia horizontes e fortalece a consciência ambiental.”

Ana também ressaltou a importância da RPPN Chácara Santa Ignêz como promotora da ação, destacando seu papel como espaço de educação ambiental. Ao fim da mostra, parte dos materiais utilizados será devolvida à natureza, reintegrando o ciclo de vida natural e reafirmando o respeito pelo ecossistema que inspirou toda a obra.

A exposição “Natureza… morta?” deixa uma marca importante na cena cultural e ambiental de Bananal, convidando o público a repensar sua relação com o meio ambiente e a agir com co-responsabilidade pela preservação da vida em todas as suas formas.


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