Veículos de imprensa, incluindo a Gazeta, alinham nova forma de cobertura sobre ataques a escolas

 



Após avaliação editorial acompanhando os valorosos esforços das prefeituras do Vale Histórico em ação integrada com as policias civil e militar nas últimas semanas, será essa a linha editorial da Gazeta de Bananal na cobertura jornalística neste lamentável período de situações de violência em ambientes escolares.

Por Ricardo Nogueira, com informações da Agência Brasil

Baseados em orientações de especialistas, os veículos de imprensa, incluindo a Gazeta de Bananal, alinharam  uma nova forma de noticiar ataques a escolas. 

A iniciativa, capitaneada por CNN, Band, Grupo Globo e Canal Meio, implementa a decisão de não divulgar nomes, fotos e vídeos dos acusados. Nas duas últimas semanas, neste mesmo sentido, a Gazeta havia resolvido adotar uma cobertura mais comedida sobre ataques e ameaças, focada mais no âmbito nacional do que local ou regional.

As medidas seguem recomendações de especialistas e de instituições para que a imprensa evite usar imagens, nomes e informações de suspeitos, de vítimas e da tragédia. O objetivo é evitar o chamado efeito contágio, que acaba estimulando outros atentados.

Entidades médicas apontam conexão causal entre violência noticiada pela mídia e comportamento agressivo em algumas crianças.

A professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Danila Zambianco diz que o ideal é não trazer espetáculo e notoriedade para os autores desses atos.

"Não publicizar o seu nome, não publicizar a sua imagem, não trazer detalhes de como a situação aconteceu, de como eles construíram esse percurso. Às vezes, a notícia é quase um tutorial do massacre, de como se fazer. Então esse tipo de informação não tem que ser publicizado, não tem que ser veiculado", disse.

Danila Zambianco destaca qual seria o papel da mídia na cobertura. "O papel da imprensa precisa focar nas vítimas, na reconstrução daquele espaço, na reconstrução do sentido dessa escola, Cantinho Bom Pastor, para que ela possa adquirir agora um novo significado para essas pessoas, para que essa política pública de promoção da convivência [seja difundida], o acompanhamento disso junto às instituições estaduais, esse é o papel da imprensa".

Após o ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, na capital paulista, em 27 de março, a Polícia Civil de São Paulo identificou, no ambiente virtual ou escolar, um aumento de situações que indicam planos de possíveis ataques em escolas. Em uma semana, foram registrados 279 casos.

Ontem (19/4), uma operação da PF, apreendeu adolescentes em 11 cidades brasileiras, incluindo dois municípios do Vale do Paraíba: Barra Mansa e São José dos Campos.

O temor que se alastrou  pelas famílias, sobretudo em datas que remetem a nascimento ou morte de extremistas e genocidas da história mundial, levou a interrupção das aulas em algumas localidades, incluindo um pequeno número de municípios do Vale Histórico. 

Efeito contágio

Após o ataque na creche de Blumenau, em Santa Catarina, veículos de imprensa orientaram seus jornalistas a noticiar as tragédias sem divulgar fotos, vídeos, nomes ou outras informações sobre os autores de ataques a escolas, nem detalhes sobre o ato em si.

O chamado ‘efeito contágio’, foi detectado em pesquisas acadêmicas que atestam que esse tipo de compartilhamento midiático de informações pode levar à valorização do ato violento, dar destaque a quem comete crimes e estimular a prática de ataques semelhantes.

O Conanda - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que integra a estrutura do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, parabenizou em nota os veículos da imprensa brasileira que adotaram “medidas preventivas em não transformar os autores de violência contra nossa infância e adolescência em heróis, evitando dar destaque a tais personagens, evitando gatilhos”.

A entidade ainda aprova as pautas sobre tecnologias sociais e políticas públicas de prevenção, redução e combate à violência na comunidade escolar., “todas as iniciativas dos profissionais e veículos de imprensa que primam pela postura ética na consolidação dos direitos humanos na sociedade brasileira.”

Como alternativa à violência, o Conanda sugere que os comunicadores devem “ouvir as secretarias de educação, especialistas e profissionais da educação sobre as ações existentes no campo da convivência escolar, incluindo o relacionamento com a comunidade escolar”.

Após avaliação editorial acompanhando os valorosos esforços das prefeituras do Vale Histórico em ação integrada com as policias civil e militar nas últimas semanas, alinhada com as orientações dos especialistas, será essa a linha editorial da Gazeta de Bananal na cobertura jornalística neste lamentável período de situações de violência em ambientes escolares.

Serão veiculadas matérias com orientações sobre como proceder nessas situações, sem prescindir, quando necessário, de informações de interesse público.  Até porque, dentre os efeitos nefastos dessas ameaças aos ambientes escolares, ocorre a disseminação de fake news que deixam a população ainda mas alarmada.

Essa linha editorial adotada pela Gazeta e outros órgãos de imprensa visa primar, sobretudo, pela segurança dos alunos, professores, coordenadores, diretores e todos os demais servidores da educação nas escolas municipais e estaduais de Bananal e região.
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