Alunos distribuíram abraços nas praças do centro de Bananal

(...) Desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos. A máquina, que produz abundância, nos deixou em necessidade. Nosso conhecimento nos fez cínicos; nossa inteligência nos fez cruéis e severos. Pensamos demais e sentimos muito pouco (...)                                                                                                           Charles Chaplin - Discurso Final do filme O Grande Ditador (1939)
Por Ricardo Nogueira com a colaboração do aluno Otávio Fonseca Nogueira

Na tarde da última quarta-feira (17/4), em atividade extra-classe, alunos da 8ª série C da Escola Municipal "Professor José Luiz Ferreira Guimarães", se deslocaram até as praças Pedro Ramos (Matriz) e Rubião Júnior (Largo da igreja do Rosário), no centro de Bananal, para distribuir "Abraços Grátis".

A ideia difunde o conceito de sensibilizar as pessoas para a fraternidade, o amor e a generosidade através de um gesto simples, o abraço, nesses "tempos virtuais" em que tem prevalecido o distanciamento interpessoal no relacionamento humano, separado pela frieza das telas de computadores e dispositivos móveis.


Os alunos da 8ª C foram mobilizados pelo professor Ronaldo Flávio da Silva, que leciona Geografia na escola e é graduando em História e Sociologia. "O contexto global é de desespero e depressão. As pessoas se conectam em dezenas de redes sociais e aplicativos diferentes, mas nunca na história, tantas pessoas alegam sentirem-se solitárias. Todos os dias os noticiários retratam o drama de famílias que perderam entes queridos, pessoas que tinham sonhos, pessoas que não queriam desistir da vida, mas apenas se livrar da dor e da insegurança. O que pode ser feito? Como ajudar as pessoas a se sentirem mais confiantes? Tendo isso em mente, os alunos decidiram ir às ruas, portando não armas ou qualquer tipo de instrumento repressivo, mas pedaços de papel, cartazes com palavras de afeto, dizeres como: "abraços grátis"", declara o professor.

Ele relatou que a princípio os alunos se sentiram retraídos, mas à medida que as pessoas se dirigiam a eles, atendendo os enunciados dos cartazes, abertas ao ato de afeto, suas feições se transformaram. "Eles sentiram o calor humano, a importância e o poder que consiste num simples abraço. Não foi preciso um discurso formal, sanção diplomática ou, até mesmo, campanha nacional de conscientização", salienta Ronaldo.


Declaração da aluna Sophia Lopes Katayama, de 13 anos, corrobora a constatação do professor. "Ah, eu percebi que as pessoas ficavam alegres. Elas sorriam e recebiam o abraço com o maior prazer".

"Achei a ideia do nosso professor muito boa. Muitas pessoas sofrem de carências afetivas e apenas um simples abraço pode melhorar isso. No começo a gente ficou meio tímido mesmo, mas depois foi muito legal. Poucas pessoas recusaram o abraço. A grande maioria topou e interagiu com a gente. Nós gostamos bastante porque sentimos que transmitimos felicidade para as pessoas", disse o aluno Otávio Fonseca Nogueira, de 13 anos.

Ao final do "experimento social", o professor Ronaldo revela que os efeitos do gesto foram extensivos a ele próprio: "Se  me perguntarem como eu gostaria de ver o mundo, responderei que prefiro ver o mundo da ótica de jovens como esses, que experimentaram e praticaram a compaixão, mesmo que por poucas horas. Por fim, cada um de nós deve seguir o exemplo desses adolescentes. Se doar, se entregar como semelhante ao menos favorecido. Certa vez ouvi um lindo pensamento que soava assim: "Aquilo que fazemos nessa vida, ecoa pela eternidade". Nunca como hoje estas palavras fizeram tanto sentido para mim".








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