Balão cai em área urbana de Bananal e é resgatado por grupo de baloeiros que o soltou


Na baixa altitude, o balão com gaiolas para fogos de artifício ficou próximo de áreas residenciais

Por Ricardo Nogueira

Um balão livre não tripulado (nome formal do balão junino), com cerca de 30 metros, sobrevoou bairros e caiu na área urbana de Bananal na noite de terça-feira, 10 de agosto.

Pouco depois das 22 horas começaram a circular nas redes sociais postagens registrando a passagem do artefato. As fotografias mais nítidas vieram dos pontos em que ele perdeu densidade antes de cair.

Na baixa altitude, o balão, com quase uma dezena de gaiolas para fogos de artifício, ficou próximo de áreas residenciais, principalmente do bairro Laranjeiras, levando apreensão aos moradores. O receio foi a queda ocorrer sobre alguma construção, veículo ou sobre a fiação elétrica.

O artefato foi seguido pelos baloeiros que o soltaram.

Moradores relataram a intensa movimentação de veículos, seguidos de gritos, risadas e gírias típicas dos grupos baloeiros. No entanto, por desconhecimento da prática de resgate pelos próprios baloeiros, ninguém desconfiou de que eles integravam o grupo que soltou o balão.

No Youtube já existem imagens da soltura do balão, registradas pelos próprios baloeiros - em local ainda não identificado - e de seu resgate, no alto do morro da antena de retransmissão dos sinais de TV, no centro de Bananal.

Em uma das filmagens, um dos baloeiros relata, equivocadamente, que a soltura do balão era em "Bananal, Rio de Janeiro", demonstrando pouco conhecimento geográfico sobre a área.

A atividade baloeira tem por característica fabricar, soltar e capturar balões feitos de materiais como folha de papel, gaiola de armação, cola, cordas e, invariavelmente, lonas.

Um artigo publicado pela Unifesp explica que, no processo ritualístico do universo baloeiro, o risco pela captura do balão se justifica porque "a recuperação de material é importante devido ao alto custo de produção. Um balão de 20 metros, por exemplo, pode custar até R$ 16 mil. Se for bem confeccionado e não sofrer muitos prejuízos durante a queda ou resgate, ele pode ser lançado novamente várias vezes".

Segundo a Força Aérea Brasileira, a atividade é considerada criminosa se não seguir três regras básicas da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO): "a soltura deve ser informada e coordenada com o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo ); o artefato precisa de um mecanismo de interrupção de vôo, caso saia do espaço aéreo reservado; e é necessário carregar um mecanismo de rastreamento. Além disso, qualquer presença de fogo no balão é totalmente proibida, de acordo com a lei ambiental."

Para a Polícia Militar, esse tipo de ação associada a baloeiros causa riscos reais à aviação, meio ambiente e à população como um todo. O crime é previsto no art. 42 da Lei de Crimes Ambientais.

Neste sentido, a incursão dos baloeiros em Bananal pode estar sendo investigada pela polícia.

Chegar aos autores, caso a atividade tenha sido clandestina, não será muito difícil.

O “tirocínio” dos internautas, ajudados pela divulgação dos baloeiros com seu próprio feito nas redes sociais, permitiu se chegar a página do grupo aberto “Balão, Soltura e Resgate” no Facebook, com imagens do sobrevoo do balão sobre Bananal.

Ao longo do dia de hoje foi possível encontrar mais registros no Youtube.

Foi postado no canal “GG Resumo Oficial” um vídeo de 9 minutos com imagens da soltura do balão (classificado como "Gigante" no título), o acionamento dos fogos de artifício nas gaiolas e a “caçada” por ele. Baloeiros dentro de um veículo percorrendo freneticamente as avenidas Rubem de Melo e Barão de Joatinga. Eles atravessaram a ponte do Niterói e seguiram para o bairro Laranjeiras. No final do vídeo, registrando o resgate final no alto do morro da torre, as imagens identificam os rostos de alguns participantes comemorando o feito. Imagens registradas por eles mesmos.






Postagem Anterior Próxima Postagem