Com maioria da população branca, Bananal tem mais pardos do que pretos no Censo 2022

 

Em termos percentuais, a população de Bananal é constituída por 51,7% de brancos, 37,9% de pardos e 10,4% de pretos

Por Ricardo Nogueira, com informações do IBGE

O IBGE divulgou na manha desta sexta-feira (22/12), novos dados referentes ao Censo Demográfico 2022, mostrando os números da raça e cor da população de cada localidade do Brasil. Pela metodologia do IBGE, foi a própria pessoa recenseada que declarou sua raça e cor.  

Os indicadores referentes a Bananal mostram que o município continua tendo maioria de raça branca, seguida agora por pardos e pretos, além de um pequeno número de indígenas e amarelos. No município, 5.149 pessoas se autodeclararam brancas. Outras 3.780 se declararam pardas e 1.034 pretas. Indígenas são apenas 2 e 4 se declararam amarelas.

Em termos percentuais, a população de Bananal é constituída por 51,7% de brancos, 37,9% de pardos, 10,4% de pretos.

Em relação ao Censo 2010, a população parda foi a única que cresceu em Bananal. Em 2010 eram 5.400 pessoas brancas, passando a 5.149 em 2022. Em 2010 eram 1.084 pretos que, agora, passaram a 1.034. Já os pardos, subiram de 3.688 em 2010 para 3.780 em 2022.

O IBGE divulgou também a mediana de idade por cor e raça. A Idade mediana é a que separa a metade mais jovem da metade mais velha da população. A Idade Mediana da população de Bananal, como um todo, é de 38 anos. No recorte por raça e cor, ela é de 41 anos para a raça branca, 38 para a preta, 35 para a parda, 44 para a amarela e 65 para a indígena.


Os números pelo Brasil

Em 2022, cerca de 92,1 milhões de pessoas se declararam pardas, o equivalente a 45,3% da população do país. Desde 1991, esse contingente não superava a população branca, que chegou a 88,2 milhões (ou 43,5% da população do país). Outras 20,6 milhões se declaram pretas (10,2%), enquanto 1,7 milhões se declararam indígenas (0,8%) e 850,1 mil se declaram amarelas (0,4%). Os dados são do Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial da população, por sexo e idade: Resultados do universo, divulgados hoje pelo IBGE.

"O censo demográfico é a única pesquisa que nos permite olhar todas as categorias de cor ou raça e a sua evolução ao longo das décadas. O censo mostra a diversidade da nossa população", destaca Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais.

Em relação a 2010, a população preta aumentou 42,3% e sua proporção no total da população subiu de 7,6% para 10,2%. A população parda cresceu 11,9% e sua proporção na população do país subiu de 43,1% para 45,3%. Houve, ainda, aumento de 89% da população indígena, com sua participação subindo de 0,5% para 0,8%.

“Desde o Censo Demográfico de 1991, percebe-se mudanças na distribuição percentual por cor ou raça da população, com o aumento de declaração por cor ou raça parda, preta e indígena, decréscimo para a população branca”, explica Leonardo Athias, analista do IBGE.

A participação da população branca recuou de 47,7% em 2010 para 43,5% em 2022. Já a população amarela teve uma forte redução (-59,2%) e sua participação recuou de 1,1% para 0,4%, retornando a patamares de 1991 e 2000.

A diminuição da população amarela está correlacionada a um procedimento adotado no Censo 2022: caso o entrevistado se declarasse ou a algum morador de cor ou raça amarela, o recenseador faria uma pergunta adicional padrão: “considera-se como cor ou raça amarela a pessoa de origem oriental: japonesa, chinesa, coreana. Você confirma sua escolha?”. Athias acredita que o novo procedimento concorreu para essa “mudança mais drástica" na proporção de pessoas que se declararam amarelas.

As mudanças nos percentuais das categorias de cor ou raça têm caráter multidimensional, argumenta Athias. “São vários fatores que explicam essas variações. Podem ser demográficos, de migração, de identificação, de condições de vida, de serviços, entre outras”.

Pardos, brancos e pretos predominam, respectivamente, no Norte, no Sul e no Nordeste

A população parda foi o grupo com maior percentual na população residente da região Norte (67,2%). Também o Nordeste (59,6%) e o Centro-Oeste (52,4%) registraram números acima da média nacional. Já os percentuais do Sul (21,7%) e do Sudeste (38,7%) ficaram abaixo da média.

A região Sul tinha o maior percentual de população branca (72,6%). No Sudeste, o percentual foi de 49,9%. Nas regiões Centro-Oeste (37,0%), Nordeste (26,7%) e Norte (20,7%), os percentuais ficaram abaixo da média nacional.

O Nordeste teve o maior percentual de população preta (13,0%), seguido pelo Sudeste (10,6%), Centro-Oeste (9,1%) Norte (8,8%) e pelo Sul (5,0%).

O Sudeste tinha a maior proporção (0,7%) de população amarela. Sul e Centro-Oeste (0,4%, ambas) igualaram a média do país. Nordeste (0,1%) e Norte (0,2%) tinham as menores proporções.

As proporções de população indígena no Norte (4,3%), Nordeste (1,0%) e Centro-Oeste (1,2%) superaram a média nacional. Já o Sudeste (0,1%) e o Sul (0,3%) tinham os menores percentuais.

Grupos de cor ou raça mostram diferenças demográficas

De 2010 a 2022, a estrutura demográfica do país mudou, com o envelhecimento da população e o aumento da proporção de mulheres.

Todos os grupos étnico-raciais apresentam um processo de envelhecimento, com diferentes ritmos, que se refletem na sua atual estrutura de sexo e idade. A população branca e a população parda são as que apresentam pirâmides etárias mais próximas da população residente no Brasil, mas com a população branca mais envelhecida e a parda mais jovem.

“Há uma variedade de critérios demográficos e de pertencimento étnico-racial, que podem explicar esse comportamento diferenciado dos grupos populacionais. Ou seja, a gente pode ter mais migração, mais ou menos fecundidade, mais mortalidade... são dados que vamos poder explorar em próximas divulgações. Mas os critérios do pertencimento étnico-racial acionados pela população variam de acordo com o contexto social e de relações interraciais, e de acordo com a forma como as pessoas se percebem”, esclarece Marta.

Populações preta e parda ganham participação em todos os recortes de idade

Entre 2010 e 2022, por grupos de idade, tanto a população preta, quanto a parda ganharam participação entre as pessoas de todos os recortes. A população indígena tem comportamento semelhante, mantendo participação estável apenas na faixa de 60 a 74 anos de idade. Já a população branca e a amarela mostraram queda em todos os grupos de idade.

Em 2022, havia predomínio da população parda até os 44 anos de idade; a partir dos 45 anos, a população branca mostra o maior percentual. Frente a 2010, a população branca perdeu predomínio na faixa de 30 a 44 anos de idade, que passou a ser da população parda em 2022.

Os maiores percentuais de pessoas pardas estavam entre as pessoas de 0 a 14 anos (49,3%) e 15 a 29 anos (48,7%); já as menores proporções estavam nas faixas entre 60 e 74 anos (38,6%) e acima de 75 anos (33,8%). Para a população branca, o maior percentual foi na faixa dos 75 anos ou mais (55,6%) e o menor no grupo de 15 a 29 anos (39,4%).

Já a população preta mostrou maior proporção na faixa dos 30 aos 44 anos (11,4%) e menor proporção entre as pessoas de 0 a 14 anos (7,3%). Indígenas têm maior percentual entre as pessoas de 0 a 14 anos (1,0%) e menor percentual entre os 60 a 64 anos (0,3%). Os amarelos tiveram maior proporção na faixa de 75 anos ou mais (1,1%) e menor, de 0 a 14 anos (0,2%).

Envelhecimento populacional ocorre em todas as categorias de cor ou raça

Os dados do Censo 2022 permitem analisar também o perfil etário de cada categoria. “A gente já viu o processo de envelhecimento da população residente, entre 2010 e 2022. Nas populações especificas, esse processo de envelhecimento passa por todos os grupos étnico-raciais, com uma crescente participação dos grupos a partir de 30 anos de idade e uma decrescente participação para os grupos até 29 anos de idade”, observa a coordenadora Marta Antunes.

A população amarela é o grupo populacional com maior participação da população com 60 anos ou mais, com cerca de 29% nessa faixa, e também o grupo com o menor percentual de pessoas de 0 a 14 anos (11,3%).

População preta tem 103,9 homens para cada 100 mulheres

O Censo 2022 traz ainda os indicadores de idade mediana, índice de envelhecimento e razão de sexo por cor ou raça. No Brasil, a razão de sexo, que sinaliza a proporção de homens em relação ao grupo de 100 mulheres, foi de 94,2 para o total da população, indicando que há mais mulheres do que homens no Brasil.

A população preta apresentou a maior razão de sexo (103,9), sendo a única com maior número de homens do que de mulheres, seguida pela população indígena (97,1), parda (96,4), branca (89,9) e amarela (89,2). Na região Norte, a razão de sexo da população preta chegou a 122,1, a maior. Já a menor razão de sexo foi observada na população amarela da região Nordeste, 73,8.

A Idade mediana é a que separa a metade mais jovem da metade mais velha da população. De 2010 para 2022, idade mediana subiu de 29 anos para 35 anos, evidenciando o envelhecimento da população. A população amarela é de idade mediana mais elevada em 2022, 44 anos, seguida da população branca (37 anos), preta (36 anos), parda (32 anos) e indígena (25 anos), incluindo aqui as pessoas declaradas por meio do quesito “se considera indígena”.

O índice de envelhecimento, representado pelo número de pessoas com 60 anos ou mais em relação a um grupo de 100 pessoas de até 14 anos de idade, foi de 80,0, indicando que, em 2022, havia 80 pessoas de 60 anos ou mais para cada 100 pessoas até 14 anos. Quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população.

Em 2022, a população amarela apresentou o índice de envelhecimento mais elevado (256,5), seguida da preta (108,3) e branca (98,0). Os menores índices de envelhecimento foram da população parda (60,6) e indígena (35,6), esta última incluindo o quesito “se considera indígena”. Todos os grupos tiveram aumento no índice de envelhecimento quando comparado a 2010.


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