Por Ricardo Nogueira - GAZETA DE BANANAL
Há um vírus perigoso e avassalador tomando o Brasil.
Não, não é o novo coronavírus.
É um vírus que começou em 2013 e parece ganhar uma força demolidora a cada ano, com mutações recorrentes.
É o vírus do ódio.
E ele tem tudo para retroalimentar o Coronavírus, o Influenza e muitos outros.
Um
vírus que provoca isolamento familiar por rompimentos agressivos.
Também corrói amizades de décadas em frações de segundo.
Esse vírus não destrói os órgãos vitais, mas parece corroer a racionalidade, uma das principais virtudes presenteadas por Deus ao ser humano em sua criação.
Um dos sintomas é o comprometimento da inteligência. O paciente acometido, de forma inconsciente, deixa de aplicar os Seus ensinamentos bíblicos e passa a relativizar a aplicação da Sua Palavra. Passa então, a utilizar interpretação própria, singular, das escrituras, conforme o momento e a ocasião, durante algum debate ou discussão.
O fenômeno replica em todas as crenças e religiões.
Em estágio inicial, a fraternidade passa a ter, para o infectado, apenas aplicação para aqueles que pensam igual a ele. Em estágio avançado, o paciente tem amnésia seletiva e o sentimento fraterno é apagado de sua mente.
A função desse vírus é manter uma nação conflagrada permanentemente, onde quem é acometido apresenta uma vontade incontrolável de impor sua opinião mediante a desqualificação do seu "oponente". Em estágio avançado, a desqualificação dá lugar ao desejo da aniquilação total do “inimigo”. O paciente parte então para agressões verbais. Esse sintoma tem duas modalidades: o virtual, que provoca contrariedade e raiva, e o presencial, que pode levar a agressões físicas e à morte.
Invariavelmente o cérebro acometido, quando contrariado em suas opiniões, vale-se, conforme o posicionamento ideológico do paciente, de verborragia incontida, utilizando termos como “coxinha” ou “mortadela”. A mutação do vírus nestes tempos do Corona, faz o infectado, já em quadro avançado, substituir os insultos, respectivamente, por “genocida” e “vagabundo”.
Ainda não há divulgação de seu quadro epidemiológico, mas estima-se que o vírus esteja indo muito bem em sua missão.
Com o ódio inoculado, ofuscando a razão e qualquer sinal de empatia, o vírus consegue impedir os “dois lados” de verem que cada um tem sua razão e merece ser, não apenas ouvido, mas respeitado. Tanto em relação aos fundamentos das argumentações, quanto aos temores em comum.
O vírus é exitoso em impedir que os infectados descubram que estão no mesmo barco e sob os mesmos riscos. Com eficiência rara, faz com que eles creiam, com uma convicção "messiânica", que são inimigos mortais e precisam promover a eliminação mútua. Conviver com divergências é impensável para os acometidos pelo vírus, uma vez que, conforme descrito acima, ficam desprovidos de qualquer traço de racionalidade.
E dessa forma, sem resistência, ludibriando e incitando os infectados a lutarem entre si, ao invés de combatê-lo, o vírus do ódio segue sua promissora missão de exterminar qualquer resquício de humanidade no Brasil.
RICARDO NOGUEIRA
Editor - GAZETA DE BANANAL